Ao tocar as feridas do mundo, tocamos em Deus.
Paulinas, Prior Velho 2015 ("Dotkni se ran", NLN 2008) - ISBN 978-989-673-441-1
Ao receber a notícia, em março de 2014, de que lhe fora atribuído o Prémio Templeton 2014, Tomás Halik alegrou-se por esta nomeação ter coincidido com o primeiro aniversário do pontificado do papa Francisco, a quem ele louvou por ter introduzido a «cultura da proximidade» na Igreja atual. Essa cultura foi o que ele procurou transmitir no livro Dotkni se ran [Tocar as feridas] (2008), agora editado pelas Paulinas Editora com o título O meu Deus é um Deus ferido. Trata-se de uma profunda reflexão sobre o «evangelho de Tomé» (Jo 20,19-29), tendo como pano de fundo os problemas do nosso mundo: a miséria social e a pobreza espiritual. Estes problemas, precisamente, são a «chagas» de Cristo que é preciso tocar. «Se os ignoramos - diz o nosso autor -, não temos o direito de proclamar: "Meu Senhor e meu Deus".» O padre e filósofo Tomás Halik tornou-se conhecido internacionalmente pelo seu empenho num diálogo construtivo com os não-crentes, ou com os crentes de outras tradições religiosas. (Precisamente por esse compromisso na promoção dos valores espirituais, veio a receber o Prémio Templeton.) Esse empenho bebeu-o ele dos seus professores, sacerdotes perseguidos que passaram muitos anos nas prisões e campos de trabalho comunistas, onde aprenderam o valor do diálogo com o outro não crente (ou não cristão), e que esperavam e sonhavam com uma Igreja purificada, com uma Igreja sem triunfalismo e ao serviço dos pobres e oprimidos. Afinal, com a Igreja de Francisco.